Daniele Araldi

Agro em 2024

Agro em 2024

O PIB Agropecuário não deverá contribuir com a economia brasileira em 2024. Depois de um crescimento de mais de 16% em 2023, o agro do Brasil muda o ritmo, de acordo com a projeção da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), durante sua tradicional coletiva de fim de ano. O setor tende a desacelerar no próximo ano devido a adversidades nas conjunturas nacional e mundial, além dos efeitos do clima.


Efeito El Niño e atrasos no plantio

Mesmo com o desempenho fraco no Rio Grande do Sul (que ainda colhe os impactos de duas estiagens seguidas), o país registrou uma supersafra em 2023. Já em 2024, apesar do aumento na área plantada e da expectativa de safra dentro da normalidade aqui no Estado, os efeitos do El Niño e o atraso nos plantios de verão devem impactar. A projeção é de um recuo de 3,35% no próximo ano. As projeções gerais da Farsul para a economia indicam que o PIB brasileiro deva fechar 2023 com alta de 2,94%, novamente puxado pelo agro, e com um modesto crescimento de 1,17% em 2024.


PIB agropecuário gaúcho sobe em 2024

Diferente da projeção para o país, o Rio Grande do Sul poderá apresentar um crescimento de mais de 40% no próximo ano. De acordo com a Farsul, essa alta deve ser puxada pelas colheitas de soja e de milho e pela recuperação no arroz. Não teremos uma safra histórica, mas será melhor que a última, que foi marcada pela estiagem. A produção total de grãos esperada é de 37,1 milhões de toneladas, ou 30,6% maior que a anterior.


Pontos de riscos para 2024

Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, elencou três pontos de riscos que podem atingir os produtores gaúchos no ano que entra. Uma eventual recessão global, que impactaria forte queda no preço das commodities, redução na demanda por carnes e escassez de crédito. A elevação dos juros refletindo na escassez de recursos, na dificuldade de manter a trajetória de queda da taxa Selic e no menor crescimento econômico. E uma eventual quebra do setor imobiliário chinês, que é o maior parceiro comercial do Brasil, traria forte impacto para o agronegócio gaúcho.

Cautela ao produtor

Diante do cenário projetado de um ano de dificuldades no ambiente interno e externo e depois de dois anos difíceis em sequência, o setor deve reduzir investimentos para se preparar para eventuais reflexos do cenário mundial. A orientação geral do economista Antônio da Luz para se prevenir diante de tais ameaças é o corte de custos, o fortalecimento da liquidez e a máxima preservação do caixa.


Insegurança jurídica preocupa

Durante a coletiva, a Farsul destacou o tema que causa maior apreensão ao agronegócio gaúcho e nacional: a insegurança jurídica. “Chegamos neste ano à maior degradação da possibilidade de defesa da propriedade rural. O marco temporal, que vige há 35 anos, afirma que os direitos indígenas estão ligados às terras que ocupam. O Supremo Tribunal Federal (STF) destruiu esse entendimento”, disse o coordenador da Comissão de Assuntos Jurídicos da Farsul, Nestor Hein, ao falar dos principais debates jurídicos em andamento no país sobre a propriedade fundiária.

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